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Nathan, O Sábio (1922)

Sobre o filme

Com um olhar questionador à guerra e à intolerância religiosa, o clássico do cinema mudo Nathan, o Sábio, de Manfred Noa, trazia consigo um alusivo slogan – “o filme da humanidade” – na época de seu lançamento, em dezembro de 1922, em Berlim. O sucesso de público interferiu pouco no destino que se impôs ao filme nos anos seguintes: o lançamento em Munique, cidade sede do Partido Nacional Socialista, foi censurado. O longa foi acusado de fazer “propaganda do judaísmo” e não voltou a ser exibido na Alemanha após a ascensão de Hitler ao poder. Por cerca de sete décadas, Nathan, o Sábio foi considerado perdido, até que uma cópia foi encontrada em Moscou em 1996. É uma versão restaurada de tal cópia reminiscente que será exibida durante a 37ª Mostra em projeção ao ar livre no Parque Ibirapuera – dando sequência às projeções históricas, no mesmo parque, do clássico Metrópolis em 2010 na 34ª Mostra e de Nosferatu em 2012 na 36ª Mostra. A sessão será acompanhada por trilha especialmente composta para o filme pelo libanês Rabih Abou-Khalil. O longa é uma adaptação da peça homônima do poeta e dramaturgo alemão Gotthorld Ephraim Lessing, escrita no século 18 como resposta à censura que sofreu após publicar um ensaio do filósofo Samuel Reimarus crítico às religiões cristãs. Tem como pano de fundo a guerra entre cristãos, judeus e muçulmanos durante as Cruzadas na Jerusalém do século 12, onde o conflito é personificado em Nathan, o sábio judeu (Werner Krauss, de O Gabinete do Dr. Caligari); no cavaleiro templário e no Sultão Saladino, o vértice muçulmano do empasse – este por vezes representado sob a ótica do exotismo. Como na trama original, o filme termina em um apelo atemporal ao respeito entre fés distintas, mensagem pouco confortável na Alemanha pós-Primeira Guerra, o que o condenou ao esquecimento. A Restauração Oito décadas depois de seu lançamento, o Museu de Cinema de Munique redescobriu uma única cópia de Nathan, o Sábio na coleção do Gosfilmofond (órgão arquivístico russo), em Moscou, sob o título “A Tempestade de Jerusalém”. O órgão havia feito uma reprodução em preto e branco – que estava deteriorada, sem o título original, e com capítulos inseridos arbitrariamente – do negativo original em nitrato, que não existe mais. Em 1997, o Film Museum München adquiriu uma cópia do longa-metragem, que foi relegendada e corrigida conforme arquivos de censura alemães, e colorida de acordo com as convenções dos anos 1920.

Título original: Nathan Der Weise

Ano: 1922

Classificação: Livre

Duração: 123 min.

Gênero: Ficção

País: Alemanha

Cor: PB

Direção: MANFRED NOA

Roteiro: Hans Kyser, baseado na peça homônima de Ephraim Lessing

Fotografia: Gustave Preiss, Hans Karl Gottschalk

Elenco: Werner Krauss, Carl de Vogt, Fritz Greiner, Lia Eibenschütz, Bella Muzsnay, Margarete Kupfer, Rudolf Lettinger, Ernst Schrumpf, Ferdinand Martini, Max Schreck, Ernst Matray

Produtor: Filmhaus Bavaria GmbH , Munique

Produção: Filmahaus Bavaria GmbH, München

Música: Rabih Abou-Khalil