Ecos de Cannes: Turco Bilge Ceylan faz soberba investigação da natureza humana
Edição: Leon Cakoff e Renata de Almeida, para o Jornal da Mostra
Numa noite na Anatólia, região desértica da Turquia, uma equipe policial acompanha dois suspeitos que devem localizar e identificar um cadáver. Com essa história simples, o turco Nuri Bilge Ceylan (de Os 3 Macacos, 32ª Mostra) faz uma investigação sutil e melancólica sobre a natureza humana em Era Uma Vez na Anatólia, que saiu do Festival de Cannes com o Grande Prêmio do Júri (prêmio mais importante depois da Palma de Ouro).
Obrigado ao júri por saber apreciar as qualidades de um filme tão longo, disse Ceylan ao receber o prêmio o filme tem 2 horas e 37 minutos de duração.
Ao longo do filme, policiais e suspeitos convivem e aprendem a se conhecer. Em meio às trevas da noite, uma mulher aparece com a luz simbólica de uma vela, trazendo paz e consciência aos homens atormentados. Numa atmosfera que lembra as noites densas e longas dos romances de Dostoievski, Ceylan faz aqui seu filme mais ambicioso, no qual a sobriedade dos planos ilumina um retrato acurado das dúvidas e angústias do homem.