Jornal da Mostra

10 de junho de 2011

Ecos de Cannes: Turco Bilge Ceylan faz soberba investigação da natureza humana

Juri da 44ª Mostra
Juri da 44ª Mostra
Edição: Leon Cakoff e Renata de Almeida, para o Jornal da Mostra

Numa noite na Anatólia, região desértica da Turquia, uma equipe policial acompanha dois suspeitos que devem localizar e identificar um cadáver. Com essa história simples, o turco Nuri Bilge Ceylan (de “Os 3 Macacos”, 32ª Mostra) faz uma investigação sutil e melancólica sobre a natureza humana em “Era Uma Vez na Anatólia”, que saiu do Festival de Cannes com o Grande Prêmio do Júri (prêmio mais importante depois da Palma de Ouro).

“Obrigado ao júri por saber apreciar as qualidades de um filme tão longo”, disse Ceylan ao receber o prêmio – o filme tem 2 horas e 37 minutos de duração.

Ao longo do filme, policiais e suspeitos convivem e aprendem a se conhecer. Em meio às trevas da noite, uma mulher aparece com a luz simbólica de uma vela, trazendo paz e consciência aos homens atormentados. Numa atmosfera que lembra as noites densas e longas dos romances de Dostoievski, Ceylan faz aqui seu filme mais ambicioso, no qual a sobriedade dos planos ilumina um retrato acurado das dúvidas e angústias do homem.