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É dito que no Sassi (moradias em caverna) de Matera, há um alto grau de loucura causado por um costume ancestral de casamentos entre membros de uma mesma família. Esse é um filme sobre aqueles que precisam inventar seu próprio modo de vida. Eles formam um pequeno grupo de pessoas aparentemente eternas que devem viver um dia a cada vez. É um filme sobre o contraste entre um dos lugares mais bonitos do mundo e um cenário bíblico cansado e vazio; e sobre alguns de seus habitantes, que tentam se sentir vivos e que preenchem o vazio com palavras. A distinção entre o que é verdade e o que é falso não importa mais. Eles são solitários, viciados em palavras e profetas, messias modernos sem discípulos, que proclamam e propõem, mas são ignorados pela indiferença geral. Eles gritam para os turistas, para seus concidadãos e até mesmo contra o ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi com o mesmo intuito. Alguns deles trabalham como guias turísticos ilegais, sem licença. Todos os dias eles perambulam pelas ruas, perseguem e conversam com grupos de turistas que na maioria são indiferentes e demonstram pouco interesse. Outros passam o dia a inventar formas de acordar os cidadãos de seu sono provinciano, ou a expor seus loucos planos políticos, ou a propor novos projetos para desenvolver o turismo local. O turismo é o único conversor num lugar em que todos parecem estagnados num estado de isolamento sócio-economicamente subdesenvolvido que perdura por séculos.