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No Amapá, um dos estados brasileiros com menor densidade demográfica do país – 2 habitantes para cada um de seus 144 mil quilômetros quadrados – registra-se uma outra cifra excepcional: pesquisa recente revelou que 918 parteiras atuam na região, que tem a maior ocorrência de partos normais do Brasil (88%). O índice médio de cesarianas é 12%, abaixo da marca de 15% apontada como aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Neste extenso território, que tem apenas 16 municípios, faltam hospitais e as grandes distâncias dificultam o acesso entre as comunidades, espalhadas pela selva amazônica, alagados e cerrados. Neste contexto, as parteiras realizam uma importante função social. O filme focaliza a vida dessas mulheres que são donas de casa, pescadoras, agricultoras e extrativistas de castanha, e deixam seus lares para auxiliar as parturientes, sempre permanecendo com elas mais sete dias depois do nascimento. Raramente recebem dinheiro como pagamento. Em troca de seus serviços, obtêm um pouco de milho, uma galinha ou até mesmo nada, visto que boa parte delas acredita ter sido escolhida por Deus para a missão de "puxar barriga" e "pegar menino". Ao retratar o cotidiano das parteiras, encontram-se temas como miscigenação, religiosidade, ecologia, técnicas de parto e, principalmente, a sabedoria dessas mulheres, em sua maioria analfabetas, que adquiriram um conhecimento muito especial da vida e da morte, depois de participar do nascimento de centenas de crianças, entre elas, os próprios netos e netas.